A CILADA DA FRASE “SÓ SE VIVE UMA VEZ”

Não há nada de errado em pensar que a vida é única e deve ser valorizada. Pelo contrário, a ideia de finitude nos acompanha diariamente – de forma consciente ou não – guiando as nossas decisões afetivas, profissionais, familiares e financeiras.

Contudo, a cilada que a frase “só se vive uma vez” pode trazer é utilizá-la como resposta para as demandas dos nossos impulsos, principalmente para aqueles que envolvem riscos que você não pode correr.

Melhor dar um exemplo: você acaba de ser demitido(a) e recebe a indenização pela rescisão do seu contrato. Ainda está atordoado com a notícia e, em meio aquela insegurança sobre o futuro, escuta de um amigo que ele deseja vender o carro e aceita um veículo de valor inferior na troca. Faz algum tempo que você deseja trocar o seu carro e aquela parece ser uma oportunidade boa para fazer isso, considerando que o seu pode ser compensado no negócio e o preço pedido pelo seu amigo está abaixo do preço de mercado.

Num primeiro momento em que o desejo por atender uma suposta necessidade e a oportunidade de fazer um bom negócio parecem se unir, aparece a voz interior lhe dizendo: ” -Você acabou de ser demitido(a)! Ainda não é momento de gastar parte da sua rescisão em algo que não é uma necessidade imediata.”.

Quando estamos desfocados e sem planejamento é bem comum que a réplica seja a clássica:” -Dane-se! Só se vive uma vez!” ou suas variantes, “- Caixão não tem gaveta!” ou “- De que adianta guardar dinheiro pro futuro se não vou ter saúde para usar?”.

O problema é que não sabemos por quanto tempo iremos viver. Se tivéssemos a certeza de quando iremos partir, eu diria que a frase “só se vive uma vez” poderia ser a resposta para muitos questionamentos. Porém, se não sabemos quando iremos sair desse mundo, o ideal é sempre pensar no futuro e nos preparar para viver uma velhice tranquila.

[instagram-feed]